quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Correr para onde tem sombra, pedir a quem pode me dar.

" Eu devo pedir,
a quem pode me dar,
papai me deu,
sou eu, sou eu"

O mundo se mostra com luzes de neon, capsúlas instantâneas prometem resolver problemas nutricionais, queremos as respostas mesmo antes de aprendermos a formular bem as nossas perguntas.

Para perguntas bem feitas, respostas mais claras, mais sucintas e de quebra profundas como o mar, sem deixarem de ser simples.

Aonde tudo é luz, sou eu a farejar pela sombra, a sombra feita pela presença da minha Grande Mãe, é nela que eu descanso, é nela que eu lapido as ideias, retirando-lhes o desnecessário.

Aonde tudo é luz, sou eu que quero chuva, porque nenhuma euforia substui a presença do cheiro de terra molhada, é quando o tempo fecha que eu me recordo da minha força que a nada se curva.

Aonde tudo é luz, para além do êxtase, sou eu que prefiro o serviço de enxergar além daquilo que se vê... comigo é no azul, por dentro a minha cor é abissal, por dentro no meu infinito mar é noite.

A noite das sereias, a noite das flores, a noite das estrelas em minhas águas a refletir... na escuridão, o que reluz é fio de ouro que tece as asas finas das borboletas.

E aqui se encerra toda e qualquer dúvida no sútil... É como disse Manoel de Barros " as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem fazer alarde"


E também convidei a outro poeta, o Manuel Bandeira, para ornar com o sentimento do dia.

"O rio
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite....
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas."





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