"Afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte."
Uma paciência me invadiu suave, feito a noite que não chega de uma só vez, mas que devagarinho faz escuridão. Tenho feito amplo e estreito contato com uma voz que me diz sempre não, não vai dar, não pode, não devia ter feito assim. As vezes ela vem escancarda, as vezes de mansinho, um desconforto fino se disfarçando para se instalar. A minha vontade é descansar, é desistir, sem pesar, mas relaxar... é estar levemente ativa. é me olhar com carinho, me organizar dentro do possível e agir, agir simplesmente porque existe uma paixão que me move, pronto! Só porque tem algum valor mesmo. Algum valorzinho dentro da visão desse ser que sou...
é preciso coragem para deixar ser. confiar. se derramar na existência , me entregar... para o deleite de humana estar.
Eu estou sentindo a vida me abraçando, me ajudando a fazer do pouco, o muito. a mais valia....
é bom novamente estar nessa casa minha, cantinho de minha alma que estou redecorando. Não redecorando para ser mais certo, coerente, disciplinado, espiritualizado... redecoro apenas para ser mais aconchegante... aconchego... aconchego sabe? mesmo que seja inverno, mesmo que seja escuro, até se for trágico... aconchego pro que der e vier. aconchego... mesmo se for pra crescer, e blá blá blá blá... aconchego... aconchego de não querer provar... aconchego... com aconchego não tem umbral que me pegue pra morar.
"E, outra coisa, o Diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro - dá gosto! A força dele, quando quer - moço ! - me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho - assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza."
"O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma".
"Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas que sempre passa. E você ainda pode ter um muito pedaço bom de alegria (...) Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua."
Os retalhos entre aspas são todos de Guimarães Rosa, bálsamo, poesia e prosa...
Seja a paciência e o cultivo dos pequenos prazeres, das pequenas liberdades, a minha nova partitura interior...
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